Cristhina Bastos e Kyria Oliveira unem suas obras em exposição no Centro Cultural UFMG

Texto: Assessoria do Centro Cultural UFMG

O Centro Cultural UFMG convida para a abertura da exposição Liames, das artistas Cristhina Bastos e Kyria Oliveira, na sexta-feira, 17 de março, às 19h. A mostra reúne objetos e instalações que remetem às questões do tempo, seja o tempo passado, o tempo presente ou o tempo vindouro. As obras poderão ser vistas até o dia 24 de abril. A entrada é gratuita, com classificação livre.

A etimologia da palavra liame vem do latim ligamen, do verbo ligare, ou seja, vínculo, unir, atar, ligar. Cristhina Bastos e Kyria Oliveira trabalham a singularidade da matéria e da criação e se aproximam ao compartilhar da mesma poética, ainda que de formas diferentes.

Cristhina trabalha a construção do casulo e, muitas vezes, casulos habitando casulos, como o homem habitando a si mesmo.  Ela usa da artesania do tecer de forma que a corda, o alumínio, o cobre e o latão ganham uma nova percepção a partir de sua construção conceitual.

Kyria trabalha com a diluição da forma pelo tempo, inspirada por paredes antigas castigadas pela ação do mesmo. Ela constrói desconstruindo, rasgando e subtraindo a matéria para dar origem a uma nova concepção.

O vínculo das artistas é a construção diária de um diálogo com o passado, com o presente e com o futuro. Enquanto Kyria olha em direção ao passado e à história para construir seu trabalho, Cristhina projeta para o futuro ao construir seus casulos.

“O rasgar, cortar e sobrepor camadas faz parte da pesquisa e do questionamento sobre o que somos como resultado do que fomos. É a construção da memória para não esquecer o passado. Por outro lado, acrescentar, liar, criar laços e ligas fazem parte da construção de memórias para o futuro”, expressam as artistas.

O casulo  por Cristhina Bastos

“O casulo está no imaginário coletivo como habitat das nossas transformações. Somos impulsionados por nossos desejos de mudar, transformar, melhorar e, que a princípio, parte das idealizações que fazemos, entretanto nem sempre esse ideal imaginado será o real.

A velocidade das mudanças sociais, culturais e familiares na contemporaneidade quase nunca é compatível com o tempo emocional de cada um de nós. O que ocorre, em muitos casos, é que desejamos a mudança, sentimos necessidade de mudar e, no entanto, quando iniciamos o processo de transformação encontramos uma grande dificuldade em adaptarmos às novas situações apresentadas, por nos encontrarmos fixados ao passado, nas formas de nossos casulos anteriores.

Nas obras aqui apresentadas construo casulos dentro de casulos e este corpo, dentro de outro corpo, tem o intuito de carregar em seu discurso simbólico o desejo da mudança e de que não somos estáticos, prontos, acabados e que a vida é um longo processo de construção e reconstrução de nós mesmos, da espécie e da paisagem que nos envolve.

Os liames estão no processo de que as novas transfigurações sempre dependeram das premissas das transfigurações anteriores e de que estas mutações ocorrem sempre de dentro para fora.”

O trabalho de Kyria Oliveira  por Clara Sampaio

“Em seu percurso como artista, Kyria Oliveira investiga a imagem do passado em sua frágil forma presente. Como uma espécie de arqueologia de seu universo, coleta os desenhos criados a partir da constância do desgaste e das intempéries nas paredes e estruturas de seu ateliê.

Essa condição instável do objeto documentado determina que a artista tenha rapidez e precisão em sua catalogação. Tal observação habitará, posteriormente, estruturas em ferro, papéis e tecidos, materiais vivos também sujeitos à ação do tempo. A escolha por esses suportes indica que nem mesmo o registro é algo perene, definitivo.

Em Vestígios, camadas recortadas ampliam a dimensão do desenho ao incorporar luz e sombra como valores tridimensionais. O jogo luminoso marca, mesmo que provisoriamente, as paredes de sua nova morada e, feito um palimpsesto, escreve histórias dentro de outras, deixando um pouco de si e levando outro tanto consigo em cada viagem.”

Cristhina Bastos é bacharel em Pintura pela Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro (2003) e pós-graduada em Arquitetura e Urbanismo pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da mesma universidade (1993).

Kyria Oliveira é bacharel em Artes Plásticas pela Universidade Federal do Espírito Santo (2003).

Serviço:

Exposição Liames – Cristhina Bastos e Kyria Oliveira

Abertura: 17 de março | 19h

Visitação: até o dia 23/04/2023

Terças a sextas: 9h às 20h

Sábados, domingos e feriados: 9h às 17h

Sala Celso Renato do Centro Cultural UFMG  (Av. Santos Dumont, 174 – Centro – Belo Horizonte/MG)

Classificação indicativa: livre

Entrada gratuita