Artistas indígenas e jesuítas a talha e a imaginária produzida nas oficinas dos colégios do estado do Maranhão e Grão-Pará

Autores

  • Renata Maria de Almeida Martins

Palavras-chave:

Índios, Jesuítas, Artes, Missões Jesuíticas, Amazônia

Resumo

Sabemos através de documentos e de notícias da “Crônica dos Padres da Companhia de Jesus no Estado do Maranhão” (1652-1698) de autoria do jesuíta luxemburguês João Felipe Bettendorff (1627-1698), que o retábulo da igreja do Colégio de São Luís do Maranhão, foi desenhado por ele mesmo, e entalhado por um português de nome Manoel Mansos, auxiliado por um índio de nome Francisco, entre os anos de 1692 e 1694. O índio Francisco, pela sua habilidade, antes havia sido enviado pelo próprio Bettendorff, para aprender o ofício de entalhador nas obras da sacristia do Colégio de Salvador na Bahia, para depois também executar o retábulo da igreja da aldeia de Anindiba, hoje Paço do Lumiar no Maranhão. Após a morte de Bettendorff, chega a São Luís no ano de 1703, o jesuíta tirolês João Xavier Traer (1668-1737), formado como escultor no Colégio de Viena. Traer permanece por treze meses no Maranhão, fazendo imagens para a Igreja de São Luís e aldeias, e depois segue para o Colégio de Belém, onde comandou por mais de trinta anos a sua oficina (1705- 1737). Através do Catálogo de 1720, temos notícias de que trabalharam como escultores em Belém, três índios – Marçal, Ângelo e Faustino –, da Fazenda de Gibirié, hoje Barcarena Velha no Pará. Por sua vez, o jesuíta João Daniel (1722-1776), em seu “Tesouro Máximo Descoberto no Rio Amazonas” (1757-1776), informa que os púlpitos e os anjos tocheiros da igreja de Belém, foram “obras” de índios, deixando suas impressões sobre o trabalho artístico dos indígenas e relatos sobre a habilidade em entalhar desde objetos da sua própria cultura, como aspiradores de tabaco, até obras de arte sacra. Partindo destes dados, este artigo visa contribuir para um melhor conhecimento dos artistas jesuítas e índios, que dispondo de técnicas e materiais da floresta amazônica, produziram as obras de talha e imaginária nas oficinas das missões do Maranhão e Grão-Pará entre os séculos XVII e XVIII.

Biografia do Autor

Renata Maria de Almeida Martins

Doutora pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo - FAU-USP

BBM-USP – Biblioteca Brasiliana Mindlin / MAE-USP – Museu de Arqueologia e Etnologia

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Publicado

2015-01-01

Edição

Seção

ASPECTOS HISTÓRICOS E SOCIAIS