Escultura sacra brasileira

O século XVI e as primeiras imagens

Autores

  • Orlando Ramos

Resumo

É freqüente se especular que a identidade cultural do Brasil teria começado a se formar em Minas Gerais do século do ouro (XVIII), com uma maior miscigenação e a ativa participação de mulatos na vida social e artística da colônia. Devemos, entretanto, lembrar que, nas décadas iniciais da colonização, a interação dos portugueses aqui deixados ou fugidos de embarcações, abandonados ao próprio rumo pela metrópole com os indígenas, gerou, desde então, a miscigenação e um processo cultural próprio da colônia.

Nos primeiros anos de existência do Brasil, os portugueses não tiveram um plano de colonização para a terra descoberta, e as expedições exploratórias em busca de riquezas minerais, e as extrativistas para a retirada de pau-brasil, deixaram na terra, de maneira aleatória, diversos homens de Portugal. Esses eram notadamente degredados e/ou aventureiros, que aqui se instalaram e viveram de forma própria, sem seguir comportamentos padronizados ou política ordenada e controlada pelo reino. Esses homens, via de regra, constituíram famílias não convencionais com as indígenas e, certamente, esses núcleos geraram uma fermentação existencial e cultural completamente diversa da organização social portuguesa. Essa primeira interação sociocultural foi fundamental quando Portugal resolveu colonizar o Brasil de forma ordenada, lembrando de homens como João Ramalho, Antônio Rodrigues e Cosme Duarte Pessoa (O Bacharel de Cananéia), em São Paulo, e de Diogo Álvares Correia (O Caramuru) e Francisco Pereira Coutinho, na Bahia, entre outros que a história esqueceu.

Downloads

Publicado

2006-01-01

Edição

Seção

ASPECTOS HISTÓRICOS