Adesivos utilizados na consolidação in situ de cerâmicas arqueológicas
análise da efetividade da adesão, da estabilidade e do envelhecimento
Palavras-chave:
Conservação arqueológica, cerâmicas, adesivos, conservação preventiva, arqueologiaResumo
Esta pesquisa se pauta na investigação sobre a conservação de cerâmicas arqueológicas, com foco na análise e caracterização dos adesivos empregados na consolidação in situ de peças fragmentadas. O estudo é impulsionado pela necessidade de otimizar as práticas de preservação de artefatos cerâmicos, com destaque àqueles que se encontram na reserva técnica do Centro de Arqueologia
Annette L. Emperaire (CAALE). Para tanto, são abordadas, de forma sistemática e sob o ponto de vista da Conservação-Restauração de Bens Culturais Móveis, a eficiência e a durabilidade de materiais adesivos amplamente utilizados por arqueólogos. Foram investigados os adesivos sintéticos poli(vinil acetato) (PVA), copolímero de etil e metilmetacrilato (Paraloid® B72), poli(álcool vinílico) (PVOH) e
resinas epoxídicas (Araldite®). A metodologia emprega uma combinação de análises químicas e físicas, incluindo testes de resistência mecânica à tração para avaliar a força adesiva das uniões de fragmentos cerâmicos em protótipos e ensaios de envelhecimento acelerado. Estes últimos foram conduzidos em condições severas de temperatura e umidade relativa, simulando o impacto do tempo e de ambientes adversos sobre a integridade dos adesivos convencionalmente utilizados para a consolidação in situ. Tais ensaios permitiram uma avaliação aprofundada da estabilidade e durabilidade dos materiais testados em protótipos cerâmicos desenvolvidos especificamente para este fim. Os resultados de espectroscopia de absorção no infravermelho (FTIR) mostraram que, apesar de não apresentarem modificações significativas em seu perfil químico após o envelhecimento nas condições estudadas, os adesivos passaram por alterações colorimétricas em diferentes níveis e tornaram-se, de modo geral, mais rígidos e quebradiços. Por meio de uma abordagem marcadamente interdisciplinar, que integrou conhecimentos da arqueologia, conservação e ciência dos materiais, este estudo buscou discutir criticamente as práticas de consolidação in situ atualmente adotadas por arqueólogos. Ainda que não se objetive indicar categoricamente que um adesivo deve ou não ser utilizado para a consolidação de cerâmicas, espera-se que este trabalho possa contribuir para a discussão do aprimoramento das metodologias de preservação do patrimônio cultural arqueológico, garantindo a longevidade e a acessibilidade desses importantes vestígios para futuras gerações de pesquisadores e para a sociedade.